terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Filtros!! Filtros!!! Filtros!!!

Falar de fotografia sem falar de filtros é como falar do desempenho de um automóvel e esquecer que existem pneus...Claro que é possível fotografar sem usar filtros, sejam eles físicos (adaptados nas lentes) ou digitais (do software), mas, sem dúvida, um filtro de boa qualidade, adequado a situação, é meio caminho andado. Viva as cores do mundo, use filtros, mesmo que a foto seja em preto e branco! Use filtros infravermelhos para tornar visível o invisível, filtros polarizadores para brincar com cores de uma forma inédita, filtros de densidade neutra para brigar com o sol na busca da foto perfeita, filtros coloridos para maior contraste em fotos PB, etc ! Use as cores do mundo!




O que é o filtro? Filtro é algo que vai entre a lente da câmera e o objeto. Pode ser um disco de vidro, um quadrado de gelatina, um pedaço de papel celofane, enfim, existem diferentes tipos de filtros. Mas o papel de todos é um só: ele é capaz de alterar a maneira como a câmera captura a luz. O filtro pode ser aditivo, adicionando ou misturando cores da imagem, ou subtrativo, retirando cores da imagem.



Vai fotografar no mato, lama, etc? Use filtros transparentes de proteção, pois é mais barato arranhar um filtro do que a lente da sua máquina. Ainda melhor, use filtros UV, que bloqueiam a radiação UV (!), protegendo sua lente e reduzindo um brilho azul que ocorre em praias, mares e alto de montanhas.





Vai fotografar em um dia de sol forte?  Não esqueça do filtro polarizador! Nuvens branquinhas contra um céu azul maravilhoso não são frutos de apenas coincidência: os filtros polarizadores bloqueiam ondas luminosas difusas, principalmente de tons acinzentados, permitindo a captura de tons puros, como azul, verde, branco, etc. Além disso, este filtro permite reduzir reflexos em vidros e outras superfícies, facilitando imagens através de vidros ou de paisagens com superfícies metálicas ou água, como aquele lindo mar verde transparente do Caribe que só aparece assim em fotografias...é uma ótima maneira de trabalhar a imagem sem ir ao Photoshop. A melhor maneira de utilizar um polarizador é estar a 90 graus do sol, o que pode ser obtido estendendo os braços paralelamente aos seus ombros enquanto, com o pescoço reto, olha para o sol: daí, basta apontar a camêra para onde suas mãos estavam mirando e você terá um lindo efeito através do polarizador.
Também é recomendado utilizar um filtro cinza, chamado Densidade Neutra (ND), em dias de sol. Muitas vezes, o excesso de luz restringe a possibilidade de tirar fotos em uma velocidade mais baixa e com abertura grande. O filtro ND pode auxiliar a criar imagens de cachoeiras que parecem fluxos de leite condensado ou de ruas com um fluxo borrado de pessoas andando. Para retratos, o filtro ND é útil para permitir aberturas maiores e assim criar um foco seletivo (menor profundidade de campo).










Vai fotografar gente? Alguns filtros tem a capacidade de difundir a luz através de microlentes e com isto esconder imperfeições da pele. Dê adeus aos cravos aparecendo, rugas marcantes e poros abertos.

Vai fotografar Preto e Branco? Vá atrás de filtros coloridos, geralmente amarelos ou vermelhos. Utilizando filtros coloridos é possivel aumentar o contraste de determinadas partes da imagem. A lógica é a seguinte: para reduzir o contraste de um determinado objeto, use um filtro da mesma cor que a do objeto; para aumentar o contraste, utilize um filtro de cor complementar. Por exemplo, um filtro vermelho é capaz de escurecer o céu azul criando um lindo contraste com as nuvens.


 

Está criativo? Busque filtros que possam atender a sua criatividade. A BW e a Tiffen fabricam filtros de excelente qualidade, assim como a Formatt, Heliopan e a Hoya. Os filtros Singh-Ray são fantásticos, pois permitem obter uma saturação de cores superior a de filtros convencionais. Os sites dos fabricantes não são úteis apenas para procurar filtros, para para  buscar literatura técnica e obter o melhor resultado com o seu investimento.

Boas Fotos!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Fotografando: Arizona - parte 1

Após uma nada breve ausência, estou de volta. Ganhar dinheiro faz parte da vida e isso, as vezes, afeta o andar do blog. Hoje, ao invés de falar sobre técnica fotográfica, vou escrever um pouco sobre uma de minhas incursões fotográficas: o Arizona. Mas antes de discorrer sobre o tópico em si, quero marcar dois pontos importantes relacionados a viagem:

1. Equipamento: É importante ter uma boa câmera, com milhares de megapixeis, lentes maravilhosas, filtros e 15 sherpas para carregar todo o equipamento? Sim, é a resposta ideal! Se você tiver um equipamento adequado as situações para onde você vai, isto é excelente e um imenso apoio ao seu processo fotográfico. Eu não tinha este equipamento nesta viagem, muito pelo contrário: contava com uma pequena Nikon D50, com míseros 6 megapixeis e apenas um filtro UV! Parece pouco (e era!), mas como eu não estava tirando fotos para outdoors nem para a National Geographic, tudo bem...

2. Preparação antes da viagem: não perca o seu tempo! Tenha um mapa, monte seu roteiro antes de viajar! Veja as fotos que outros já tiraram no local, leia a história da cidade, prepare-se! E, apenas como comentário, os EUA não são apenas Disneylandia e Nova Iorque! Há uma infinidade de locais a serem descobertos por nós!

A viagem

Realizando um sonho antigo, montei um roteiro que incluisse o Grand Canyon, mas que também contemplasse a famosa Route 66 e o delicioso Haunted Hamburger em Jerome.  Busquei ajuda em sites como o Trip Advisor e o Lonely Planet  para construir o percurso, o qual resultou em 1600 KM de pura diversão.



Phoenix a Flagstaff
Aluguei um carro ao chegar em Phoenix, pois isso me garantiria acesso as estradas e trilhas, lembrando que a grande diferença entre um Land Rover e um carro alugado é que existem lugares onde você tão teria coragem de ir com seu Land Rover...
Carro alugado, fiz uma breve passagem pela praça central da cidade, onde pude ver um monumento ao cidadão desbravador, quem ajudou a construir o Arizona. O céu estava lindo e aproveitei para pegar os relances de cor existentes neste por-do-sol.


Seguindo o caminho pela US60, fui costeando as Pinal Mountains e a floresta nacional Tonto. Uma das grandes surpresas do caminho foi a serra existente proximo a Miami. Ué, Miami não era uma cidade de praia? Sim, mas descobri que existe outra Miami, bem menor, encravada no miolo do Arizona.

Diferente de sua homônima praiana, esta Miami possui menos de 2000 habitantes e cerca de 2.5 kilometros quadrados de área. E nesta serra, entre Miami e Show Low, pude encontrar imagens fantásticas, como a ponte abaixo sobre Pinto Creek, que parecia retirada do século retrasado diretamente para nosso dia a dia.





Flores também faziam parte da paisagem, no caminho entre Miami e Show Low.



Em um dado momento, inseri  o carro alugado em algo que nunca imaginava existir no desenvolvido Estados Unidos: estrada de terra! Tive o prazer de guiar por mais de 50 km em uma estrada sem asfalto, chamada por eles de " Estrada de Serviço" , pois elas permitem aos guardas atingir o interior de parques e reservas. A sensação foi fantástica, pois o local era inteiramente deserto. Pude estacionar o carro próximo a um pequeno brejo, o qual me rendeu algumas imagens e algumas picadas de insetos.



Após algumas brigas com o GPS, que exibia grande dificuldade de encontrar o caminho correto naquele fim de mundo, pude retomar a estrada principal em direção a Flagstaff



E após longas horas de viagem, encontrei  Flagstaff; A cidade data de 1871 e é uma fiel representante das cidades fundadas pelos migrandes do Leste, que vinham ao Oeste em busca do ouro e felicidade. Cheia de edifícios novos e antigos que relembram o Wild West, Flagstaff é a base para quem busca conhecer o Grand Canyon e a Route 66.


Um abraço e boas fotografias.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Será que dá para confiar na sorte? A foto diferente no mesmo lugar.

Sabendo que haveria um dia de sol (não, hoje não é esse dia!), me preparei para ir a um lugar que adoro ir, ir e ir de novo: o Jardim Botânico de São Paulo . Claro que peguei minha câmera para leva-la comigo, pois o Jardim Botânico é um local onde me sinto muito a vontade para fotografar. Contudo, o mais curioso é que sempre vou a este mesmo local com a esperança de que HOJE vou conseguir uma foto incrível! E foi lembrando disso é que me perguntei: como tirar fotos boas (e novas) indo sempre ao mesmo lugar?

Dúvida no ar, surgiram alguns pontos interessantes para discutirmos:

1. O gosto por fotografar um dado assunto: Não sei dizer quantas vezes estive no Jardim Botânico. Não sei dizer quantas vezes olhei para as mesmas plantas e as mesmas flores. O fato é que cada vez que vou lá, tudo parece novo. Não novo de idade, mas novo de espírito e energia. Creio que isto me motiva a fotografar mais e mais as mesmas coisas. E sabem de uma coisa? Fotografar as mesmas coisas leva a fotos melhores, pois geralmente se aprende com os erros (pelo menos se espera que aprenda).  Como é possível perceber abaixo, eu gosto de fotografar flores. Todas as imagens abaixo foram feitas em dias distintos no Jardim Botânico. O que aprendi? Muito, mas principalmente: a) vá em um dia sem vento; b) leve seu tripé; c) vá cedo para pegar orvalho d) Chegue perto, flores não mordem e) compre uma lente macro (isso eu ainda não fiz)

 
2. Conheça o lugar: Quando você volta a um lugar por diversas vezes, é possível que comece a dominar alguns de seus segredos: onde venta menos, onde a luz é mais bonita, onde fotografar quando o sol está forte, etc, etc, etc. Talvez venha até a conhecer algum segredo que o lugar guarde só para você.


Esta foto acima é um exemplo sobre como é importante se familiarizar com o lugar. O Jardim Botânico possui um lago chamado Lago das Ninféias onde existem centenas de flores como esta acima, as Ninféias. Contudo, estas florezinhas são muito tímidas e só se abrem de manhã bem cedo, fenecendo logo após o calor do sol tomar conta do lugar. A primeira vez que fui, me apaixonei! Mas resolvi dar uma volta no lago antes, para buscar um angulo melhor e lá se foram embora as flores...tive que voltar outro dia, mais cedo!

 
Já este lindo sombreado vive escondido atrás de uma escadaria, em um local onde ninguém vai, talvez por ser ingreme, talvez por não ter nenhum atrativo aparente. Eu fui por acaso...já havia percorrido todo o parque...logo, esta é uma imagem do acaso.

3. Você quer fotografar ou tirar cópias? Quem nunca teve a sensação de ir a um local e tirar as mesmas fotos sempre? Tenha algo em mente: certos ângulos já foram extensivamente fotografados por você mesmo! Por que não tentar algo diferente?  Não tem risco nenhum, afinal as fotos que você estava tentando tirar já foram, por você mesmo, tiradas anteriormente...


Estas fotos, por exemplo, só surgiram porque eu me obriguei a abandonar os lírios e bocas de leão, exaustivamente fotografados a cada incursão ao Jardim Botânico. Ao entrar na mata, me deparei uma linda folha nascendo e com outra linda folha morrendo...
Pense como o Monty Phyton : "And Now for Something Completely Different"
 
4. Seja uma pessoa culta sobre o local. Uma coisa interessante a fazer é pesquisar sobre as fotografias já feitas por outras pessoas no mesmo lugar. No Jardim Botânico, por exemplo, esta foto abaixo é uma das mais populares
 

Claro que é interessante fotografar aquilo que nos interessa, mas certamente existe muito material disponível para nos interessar e que não tenha sido alvo exaustivo de todas as pessoas que já foram ao local: é como trazer fotos do Empire State após sua viagem a NY - todo mundo já viu e conhece. As fotos abaixo são menos comuns e podem ser igualmente interessantes.

5. Se planeje e seja paciente! Não adianta buscar ter uma linda foto com tons dourados do amanhecer se você não consegue estar no local ao amanhecer...o mesmo vale para o por-do-sol: as melhores fotos surgem de quem se posicionou antes, se preparou, montou o tripé e teve paciência para esperar o melhor momento. Se você estiver com sua família, crie algo para entrete-los enquanto você fotografa. Não deixe que alguém o apresse ou o desconcentre. E se alguém reclamar, pendure todo o material fotográfico na pessoa e a tranforme em um Sherpa!

Bom feriado e boas fotografias!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Documentando Viagens - um desafio

Acredito que cada pessoa tenha seus motivos para viajar...ums viajam para ver coisas novas, outros para arejar a cabeça, alguns para ficarem sozinhos e pensarem sobre si mesmos ou para não pensarem em nada...enfim, os motivos que levam uma pessoa a uma jornada fora de seu círculo diário de vida podem ser muitos. Mas nosso interesse nestes objetivos alheios se inicia no momento em que o viajante possui, além de roupas, passagem, biscoitos e uma garrafa de Bourbon, uma máquina fotográfica! Gosto muito de um livro de Robert Adams, Why People Photograph, onde ele discorre sobre motivos e fotógrafos, mas, como um conjunto, ele pontua Colegas, Humor, Coleções, Escrever, Ensinar, Dinheiro e Cachorros como os motivos principais que levam alguém a fotografar. E eu pergunto: onde ficam as viagens? Quantas pessoas se preparam para fotografar a viagem antes mesmo de começar a jornada? Eu adiciono aqui então, humildemente, na lista do senhor Robert Adams, as Viagens!

E por que fotografar viagens de forma documental, ou seja, capturando coisas que nós achamos que irão nos marcar? Creio que, a exceção dos que documentam viagens para enviar à National Geographic ou a um caderno de viagens de um jornal qualquer, geralmente fotografamos POR QUE TEMOS MEDO DE ESQUECER. Incrível, não é? Não confiamos em nós mesmos, mas confiamos na máquina fotográfica! Vamos então celebrar este esquecimento com vívidos retratos do que não poderia ser deixado para trás!


Esta foto foi feita na Route 66, no Arizona em 2006. O principal objetivo era documentar a solidão desta viagem e o estado decaído da estrada. Busquei criar um guia para os olhos de quem observa a foto, utilizando para isto a linha central que divide as pistas da estrada. Na edição, criei uma imagem em sépia e com um forte "vignetting" , ou seja, estas bordas escuras com formato circular. Desta forma, busquei documentar não somente a estrada, mas as sensações.





Esta foto foi realizada próximo ao Montezuma Lake, também nos arredores da Route 66. Na época, fiquei sensibilizado pela beleza do céu, pela solidão dos campos e pelo ambiente "primitivo" em contraste com meu conforto em um carro com ar condicionado e resolvi traduzir isso em uma imagem.




A mesma coisa que na foto anterior, mas sem o carro.



Nesta foto, o básico. Eu documentando minha passagem por um dado lugar. Este é o tipo de foto documental mais comum em viagens. Você vai a algum lugar, tira uma foto para mostar para todo mundo e depois descobre que 99% das pessoas não se interessam por ver isto!






Esta foto foi realizada em uma de minhas viagens às montanhas, outra paixão! Eu senti incrível necessidade de documentar a vista que tinha na pousada, portanto não bastava fotografar a vista, precisava fotogravar a varanda da pousada também!

Enfim, não há nada errado em documentar suas viagens! O que está errado é você não fotografar!

Boas fotos, boas viagens, boas estradas e boas montanhas!

Viagens: documentário ou ato artístico?

Após um breve interlúdio cercado de trabalho, o que me impediu de escrever mais, estou de volta juntamente com uma taça de um Carmenére chileno...quem disse que fotografar e beber é proibido?
No meio deste momento alcoolico degustativo me ocorreu o seguinte: qual a melhor maneira de fotografar uma viagem? De forma geral e ampla, me ocorreram duas maneiras básicas de aproveitar fotograficamente uma viagem: 1. Documentário , 2. Artistico. Contudo, são formas bem distintas e exigem do fotógrafo um comportamento completamente diferente em cada situação, afinal, para documentar uma viagem será importante tirar fotografias de todas as pessoas, dos lugares, dos momentos, enfim, algo que contenha a emoção existente na viagem em si. O segundo modelo, o artístico, solicita um desprendimento do fotógrafo para com os momentos, pessoas, lugares e que foque em detalhes e possibilidades artísticas. Em suma, não existe projeto fácil!

Olhando por outro ângulo, tudo irá depender do objetivo, da vontade e dos sentimentos do fotógrafo para com o momento o qual ele está vivenciando. Irei caminhar por cada um dos estilos em posts futuros, mas  resolvi dar um passeio breve pela internet com o objetivo de observar fotograficamente o que se apresenta.

O primeiro blog visitado foi o do Sampa Bikers, basicamente pelo fato de que ciclismo é, certamente, uma de minhas paixões (mais uma!). E lá tive a oportunidade de ver um excelente exemplo de fotografia documentária sobre a viagem do Paulo de Tarso, fundador do Sampa Bikers, a Europa.



Esta foto é bem interessante, fazendo um bom uso da regra dos terços (embora invertida) e da diagonal da pista. Ou seja, não dá para dizer que foi uma foto tirada " sem querer" , mas uma fotografia interessante com o objetivo de documentar a passagem das bicicletas pela Via Claudia na Italia.


Esta outra imagem faz uso das diagonais de uma forma ainda mais contundente, ampliando a sensação de profundidade de campo para quem observa a fotografia. Mas, novamente, o principal objetivo desta foto é documentar a bicicleta na viagem. Visitem o blog do Sampa Bikers para mais fotografias.

Enfim, espero que este tenha sido um bom exemplo de fotografia documental em viagens. A fotografia documental pode ser de excelente qualidade e ainda assim documentar uma viagem ou um lugar. Vamos falar disto mais adiante.

Boas fotos, bons vinhos e boas pedaladas. Não fujam da escravidão a suas paixões!