domingo, 30 de agosto de 2009

Composição III - padrões geométricos, moldura natural e cortes da imagem

De volta de viagem, volto a falar sério (!) aqui no blog. Bom, já exploramos os aspectos tradicionais de composição com o objetivo de deixar a foto mais atrativa para quem vê e garantir a entrega da mensagem pensada por quem tirou a foto. Agora vamos ver algumas coisas para refinar ainda mais a fotografia.

1. Uso de Padrões Geométricos.
Imagens com padrões geométricos, ou seja, linhas, quadrados, retangulos, etc são de grande uso na fotografia porque eles interagem com o formato da foto em si. Não podemos esquecer que a foto é, geralmente, um retângulo, praticamente uma janela para um outro mundo. Ou seja, ela emoldura uma imagem, o que faz com que padrões geométricos nesta imagem interajam com a geometria desta moldura. Veja a foto abaixo, de um prédio em Boston, como um exemplo. Note como a "esquina" do edifício gera uma tensão no primeiro terço da fotografia, obrigando o leitor a percorrer a imagem tanto para o lado direito como para o lado esquerdo.



A foto abaixo, tirada em Búzios, também possui objetos geométricos formados pelo contraste de cores entre os muros e paredes. Notem como a harmonia do contraste geométrico das cores relaxa os olhos e os deixa a vontade para olhar a boneca e pensar sobre seus pensamentos...




2. Molduras Naturais
Na minha opinião, só o conceito de uma moldura dentro de outra moldura já vale o experimento por si só! A ideia é utilizar uma moldura interna na foto além da moldura já oferecida pela foto em si! Não é fantastico? Isto não somente foca a atenção do observador no objeto emoldurado, como, muitas vezes, oferece todo um contexto para a fotografia.
Veja a foto abaixo, tirada no Grand Canyon. Note a pessoa dentro da moldura formada pela rocha. Sem a pessoa, esta fotografia seria totalmente desprovida de graça e bastante plana, mas com a pessoa a fotografia não somente ganha um ponto de atenção mas também ganha uma história...o que será que a moça está pensando?



O mesmo vale para as duas fotos abaixo, em Paranapiacaba. Sem as molduras naturais, seriam fotos desprovidas de vida.





3. Cortes da Imagem

A pergunta é: quem disse que uma foto precisa conter apenas uma única imagem e ter proporções tradicionais de 3x4, 10x15 ou coisas assim? Muitas vezes, a ousadia nos cortes ou nas imagens faz com que a foto ganhe uma história ou ainda, possa ser vista com outra perspectiva.
Veja a foto abaixo, como um exemplo. O uso de uma única imagem talvez reduzisse o momento vivido na foto a algo estático, sem interesse. A colagem de 4 imagens deu a foto uma história, movimento e alegria, além de outras sensações que possa despertar em quem lê a imagem



Já esta foto abaixo se utiliza de um corte de tamanho não tradicional. Como o objetivo era passar uma sensação de amplitude, de altura e exposição ao ambiente natural, este corte estilo "cartão postal" permite ao leitor vivenciar sensações diferentes das que surgiriam em um corte tradicional.



Boas fotos!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Pausa para o café: Filosofando sobre composição e outras coisas.

Bom, estou viajando no momento, o que me atrapalha de escrever posts em que eu tenha que dar exemplos usando fotos, pois as fotos não viajam comigo...mas por não conseguir ficar sem escrever, resolvi debater um pouco sobre o porque de nos preocuparmos com a composição de fotos. Para fazer isso, vou roubar varias idéias de um filósofo da fotografia, chamado Roland Barthes, pois suas idéias me ajudaram muito a entender (ou entender menos ainda) essa coisa chamada fotografia.

A foto é o registro de algo, que pode ser um momento, uma emoção, uma pessoa, uma paisagem, qualquer coisa que você queira registrar, a fotografia é invisível porque nem sempre é aquilo que a gente vê. Mas esse registro tem, geralmente, a intenção de gerar uma imagem que chame atenção, igual a alguma coisa que uma criança aponte com o dedo, dizendo "lá, olha lá!!". E aí surge uma pergunta: o que cria o interesse?

O interesse vem em geral de duas coisas: a composição e a fatalidade.
A composição é o que temos discutido até o momento no blog e deriva do estudo, prática e geralmente segue um padrão determinado e utilizado por todos os fotógrafos. Roland Barthes chama isto de Studium e gera fotos boas, de qualidade, porém com um "que" de comuns, já que a maioria das pessoas treinadas e estudadas pensam e agem da mesma forma. Eu vejo que a maioria de minhas fotos se encaixam em algo assim, em maior ou menor nível, e assim se tornam "aceitáveis" ou "bonitas" por se adequarem a aquilo que se espera de uma boa fotografia.
Já a fatalidade, ou aquilo que marca a foto, é mais raro e dificil de fazer. Como prever o caminhar de uma freira pelo meio de bandidos? Como saber que o menino a sorrir tem um dente podre? Esse "ponto de exclamação"na foto, ou Punctum, é o que faz a diferença. Quer um exemplo? Veja a foto abaixo, publicada na capa da National Geographic



o que prende você na foto? As roupas? O rosto? ou os Olhos? Veja que esta foto tem algo que vai além do simples registro de uma imagem de forma tecnicamente boa. Ela tem o Punctum! O olhar da moça é aquilo que nós apontamos com o dedo, mostrando "lá, olha lá!!".

Pense nisso ao tirar sua próxima foto...o punctum pode ser mais significativo que a técnica...

Abracos e bom fim de semana

sábado, 8 de agosto de 2009

Composição - Simetria, Dispersão, Diagonais e Sobreposição

Bom, agora que já falamos sobre a regra dos terços, que é, talvez, um dos conceitos mais fortes em composição, vamos comentar um pouco sobre outros pontos a serem levados em consideração ao compor a imagem para uma fotografia.

1. Simetria

Geralmente, ao ver uma imagem simétrica, pensamos em algo sólido, estável e forte! Outro ponto importante ao buscar compor utilizando simetria é o fato de que o resultado, geralmente, traz uma imagem de incrível simplicidade. Para uma composição simétrica, busca-se imagens que se repitam pela fotografia e que tenham pontos de interesse que se destaquem deste fundo simétrico. Note a simplicidade da imagem dos guarda-sóis de sape, a força e rigidez da imagem do barco e a estabilidade e paz da imagem da casa refletida no lago.







2. Movimento Radial

As composições radiais buscam um movimento de imagem de onde os objetos partem do centro da imagem e se espalham por ela. Automaticamente, isto traz vida para a foto, mesmo que os objetos estejam parados. Nas imagens abaixo é possível ver a dispersão da imagem de vaquinhas de plástico presas por arames, obtida não somente através da disposição radial do objeto, mas também do desfoque seletivo deste, além da dispersão radial das flores na segunda imagem e de agua na terceira imagem. Note como este movimento automaticamente traz a atenção de volta ao centro da imagem e a distribui ao longo do objeto







3. Movimento Diagonal

Linhas diagonais que partem de uma extremidade da imagem para outra são elementos muito fortes que levam o olhar de quem observa a imagem. Desta forma, é possivel não só ganhar movimento na imagem, mas também induzir ao leitor percorrer o caminho indicado pelas linhas diagonais.

Veja como seus olhos caminham automaticamente pelas linhas diagonais destas imagens.







4. Sobreposição

Quando objetos se sobrepõe em uma imagem, a primeira coisa que salta aos olhos é a profundidade de campo existente na fotografia. Certamente não passará desapercebido ao leitor o fato que, nesta imagem, existem objetos distribuidos de forma tridimensional. Além disto, é interessante convidar o observador a verificar os contrastes e a dinâmica entre os objetos, que parecem próximos e não estão. Na imagem abaixo, pode se ver o forte contraste entre os dois edifícios ou da cortina vermelha e a arvore arroxeada.






No próximo post veremos outras técnicas de composição.

Grande abraço e boas fotos.

domingo, 2 de agosto de 2009

A composição da imagem - Regra dos Terços

Muito se fala a respeito sobre como compor uma imagem para fotografia. Um dos conceitos mais clássicos é a Regra dos Terços, Sequência de Ouro ou como você quiser chamar, que teve origem com um sujeito chamado Fibounnacci, aquele mesmo que ajuda a prever a bolsa de valores ou as proporções ideais de uma face.

A Sequencia de números de Fibounnacci consiste que um número, somado com seu anterior, cria um próximo número (1+1=2, 1+2=3, 3+2=5, etc) e esta sequência de números descreve a proporção de quase tudo na face da terra. Da Vinci usava esta regra de proporções para obras e a chamava de Divina Proporcione! Essa regrinha pode ser vista ao analisar o desenho de uma concha de um molusco


E é com base nisso é que uma das principais maneiras de se compor uma imagem é a utilização da regra dos terços, ou seja, dividir a imagem em 3 terços horizontais e 3 terços verticais e inserir o objeto de interesse no terço superior direito da foto. Em teoria, é onde mais nos chama a atenção. Mas a regra pode ser utilizada também para obter uma distribuição mais harmônica dos objetos na foto e ter proporções mais "naturais" entre os pontos de interesse na fotografia.











Iremos ter mais textos sobre composição fotográfica, mas é importante comentar que o ponto principal é ter certeza que, da maneira como a foto foi organizada, ela comunica exatamente aquilo que o fotógrafo gostaria de comunicar. Ou seja,não se trata apenas de colocar os objetos de uma certa maneira na foto, mas também se trata de iluminação, profundidade de campo e tudo o mais que pode ser utilizado para direcionar a atenção de quem olha para a foto. Logo, antes de apertar o botão, pense na cena, como você gostaria que ela fosse e o que você gostaria que fosse comunicado....boas fotos !